Decorreu na cidade do Funchal, no dia 25 de julho, o II Encontro Intercalar de Investidores da Diáspora, uma iniciativa promovida pelo Governo Regional da Madeira, através da Invest Madeira, em parceria com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, através do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora.

Segundo Encontro que, ao reunir no mesmo espaço diversos investidores da diáspora, funcionou como uma montra e uma oportunidade para potenciais parcerias e negócios com o mundo, com Portugal e, em especial, com a Madeira e, sobretudo, permitirá criar condições para que os nossos emigrantes espalhados pelo mundo possam participar connosco na construção da Madeira do futuro.

Este Encontro foi também enquadrado nas comemorações dos 600 anos da descoberta do arquipélago da Madeira. Aliás, coube ao Presidente da Comissão Executiva dos 600 anos do Descobrimento das Ilhas da Madeira e Porto Santo, Guilherme Silva, abrir o evento e relevar aquilo que tem sido o papel das comunidades espalhadas pelo globo, nas raízes que permitiram disseminar o nome da Madeira no mundo.

Os 600 anos de história permitiram também a criação de valores na diáspora, criando aquilo a que chamou de “madeirafonia”, no sentido de alargamento de embaixadores no mundo. Seguiu-se a intervenção do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, que sublinhou ser ilustrativo que Portugal exporte mais para os países que têm maiores comunidades portuguesas e importe também mais dos países onde existem comunidades portuguesas, o mesmo sucedendo com os fluxos turísticos.

José Luís Carneiro destacou também o ativo estratégico, político, económico e cultural que a diáspora portuguesa constitui e aquilo que tem sido o seu contributo, passando de uma fase em que os emigrantes eram apenas uma fonte de receitas das remessas feitas para o país, para a atual, que está a promover o investimento feito pelos mesmos emigrantes e o apoio que dão na internacionalização económica do país.

Estes investimentos, disse, são feitos também com o apoio das Regiões Autónomas, razão pela qual falou sobre os instrumentos de apoio ao investimento como, por exemplo e após ter antes referido a criação de um quadro fiscal para os emigrantes, a criação de uma linha de crédito para quem regresse da Venezuela.

O trabalho do empreendedorismo da diáspora portuguesa é, por estas razões, desenvolvido no Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora, que organiza os Encontros anuais e intercalares de Investidores da Diáspora para lhes proporcionar informação e espaço de interação.

A terceira intervenção do dia coube ao Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque. Garantiu que aqueles que queiram investir na Madeira serão apoiados e acarinhados, tendo pedido um regime fiscal diferenciado para a região, com o intuito de captação de investimento, já que a realidade madeirense é um reflexo da recuperação económica.

Nesta segunda edição dos Encontros intercalares dos Investidores da Diáspora, o orador principal foi José Manuel Durão Barroso.

Ex-Primeiro Ministro e, durante 10 anos, Presidente da Comissão Europeia, afirmou continuar a existir a necessidade de fazer ligações, criar pontes, já que os portugueses são conhecidos pelo seu dinamismo.

Sugeriu um reforço na marca ‘Madeira’ e um investimento no ‘branding’, recordando que um dos maiores ativos que a região tem se chama Cristiano Ronaldo.

Estes são factos que demonstram a abertura ao exterior e permitem investir na especificidade regional que, coadjuvada com a autonomia política, fizeram da Madeira um caso de sucesso.

Durão Barroso fez ainda a defesa do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), considerando que seria útil a região ter um regime fiscal diferenciado porque permite atrair investimento.

Numa análise que fez à política mundial, Durão Barroso realçou a crise comercial existente entre a China e os EUA no domínio da tecnologia. Considerou que o Brexit será uma certeza, ainda que considere que os portugueses não devem ter receio da saída do Reino Unido da União Europeia.

Naquela que foi a primeira mesa redonda do dia, dedicada ao tema das “Oportunidades e medidas de apoio ao investimento”, o CINM voltou a ser focado com o Vice-Presidente do Governo Regional da Madeira, Pedro Calado, a dizer que o Estado deve entender que o Centro é uma fonte de receita importante e pode atrair investimento, pelo que considerou que a Madeira não tem de ser penalizada por ter uma realidade económica diferente do resto do país. Pedro Calado realçou que a estabilidade política e fiscal tem sido um fator importante para quem quer investir na Madeira e recordou que, quando os investidores acabam por decidir sair da praça financeira madeirense, vão para outras praças fiscais semelhantes.

António Mendonça Mendes, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, defendeu nesta discussão uma simplificação do sistema fiscal, mas com uniformidade regras onde a diferenciação deve ser a exceção.

O quadro fiscal deve ser o mais claro e simples possível para atrair a confiança dos investidores. Defendeu ainda que na economia digital – algo que ainda está em discussão – a tributação deve ser global, com base tributável comum.

Em termos globais, ambos defenderam uma redução da carga fiscal, mas que esta redução não invalide uma perda de receita em resultado do crescimento económico.

O Secretário de Estado da Economia, João Neves, disse que os empresários estão a investir com alguma intensidade nos mercados internacionais. Mas estes investimentos têm sido decididos mediante quatro fatores: segurança, ligações e logística, e características humanas, para além da fiscalidade. Nesta mesa, destaque ainda para o Administrador da SDM – a sociedade de desenvolvimento da Madeira que gere o CINM –, Filipe Teixeira, que garantiu estar a ser dado o devido acompanhamento aos investidores.

Da parte da tarde, continuaram as mesas-redondas, sendo que a primeira reuniu “Empresários da Diáspora dos 5 cantos do mundo”. Ouviram-se os testemunhos de vários investidores da diáspora sobre alguns dos seus projetos por esse mundo fora, em diferentes ramos de atividade como o da moda, restauração, comunicação social (divulgação de notícias sobre a comunidade portuguesa na Venezuela), hotelaria e serviços.

Para além da partilha de experiências e de conhecimento sobre o funcionamento dos seus negócios, o capital acumulado de influência cultural, social, política e económica das comunidades portuguesas no estrangeiro, perceberam-se as potencialidades do investimento interno de mais empresas portuguesas por parte das atuais e novas gerações de empresários.

Apesar de representarem ramos de atividade muito diferentes, comungaram na ideia de que há neste momento uma área de investimento a apostar: o imobiliário.

O dia acabou com a terceira mesa-redonda, “Da Madeira para o mundo”, onde foi abordado o tema da internacionalização de empresas com raízes na Região Autónoma da Madeira.

Foram referidas as mais diversas áreas, como as da produção e distribuição de bebidas, desenvolvimento de software, arquitetura e design de interiores, energia e otimização de recursos e, por fim, a área da saúde ocular, num futuro esse que será das novas gerações de empresários num mercado cada vez mais competitivo.

A criação de redes de contato será determinante, tanto privadas como públicas, na ajuda dos empresários, para a atração de investimento, assentes na ligação do madeirense à sua terra de origem, bem como da relevância do potencial económico das iniciativas e do empreendedorismo dos agentes económicos da diáspora.

Este Encontro permitiu, com certeza, mais e melhor conhecimento, pois assentou no contato, no diálogo direto e na convergência da diáspora portuguesa.

Fonte: Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas