No dia 19 de março, ocorreu uma conferência de destaque intitulada “Museus de Imigração nas Américas: História e Patrimónios da Migração”, apresentada pelo professor Luis Reznik, docente na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e responsável pelo suporte ao museu e centro de memória da emigração localizado na Ilha das Flores.

 

Durante o evento, foram explorados três renomados museus da emigração ao redor do mundo, localizados no Brasil (São Paulo), Argentina (Buenos Aires) e Canadá (Toronto). Através de entrevistas com seus respetivos curadores e exploração das exposições, a conferência ofereceu uma visão abrangente sobre o papel vital dessas instituições na preservação e disseminação da história da migração.

 

O professor Luis Reznik destacou que o processo de globalização tem intensificado e acelerado os fluxos demográficos da emigração. No caso do Brasil, observou-se uma mudança significativa, com o país deixando de ser predominantemente emigratório para se tornar mais recetivo à imigração. Essa tendência é reflexo das transformações políticas e sociais globais, incluindo novas políticas de emigração na Europa, que adotam uma abordagem transnacional.

 

A conferência também abordou o impacto das mudanças políticas nos países sul-americanos, como o fim das ditaduras, que acelerou o processo migratório ao suavizar perspetivas assimilacionistas e promover uma visão mais transnacional.

 

Além disso, destacou-se a evolução dos museus de imigração ao longo dos últimos anos. Eles  tornaram-se mais tecnológicos, inclusivos e participativos, oferecendo exposições que incluem depoimentos de descendentes e emigrantes, proporcionando uma experiência mais empática e reflexiva para os visitantes.

 

O Museo de la Inmigración de Buenos Aires, por exemplo, que anteriormente era uma hospedaria de emigrantes, agora é composto por quatro grandes salas, duas das quais são dedicadas a exposições permanentes e temporárias. Essas exposições retratam não apenas a jornada e chegada dos emigrantes, mas também sua integração e legado na sociedade argentina.

 

Já o Museu de São Paulo, sob a curadoria de Mariana Esteves, oferece uma exposição abrangente que retrata os processos migratórios em geral, distribuídos por sete salas que abordam desde os estágios iniciais da migração até a inserção dos emigrantes no estado de São Paulo.

 

Por fim, o Canadian Museum of Immigration at Pier 21, que se tornou o museu nacional em 2011, sob a curadoria de Emily Burton, busca contar a história da nação através da emigração, incorporando fortemente a emigração contemporânea.

 

A conferência destacou a importância desses museus como instrumentos de reflexão e avaliação das políticas antirracistas e xenófobas, e como catalisadores para uma compreensão mais ampla e inclusiva da história da migração nas Américas.