Cabo Verde quer que a candidatura do campo de concentração do Tarrafal a património da humanidade seja conjunta com Angola e Portugal, envolvendo a Guiné-Bissau, anunciou o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas.
A apresentação da candidatura deverá ocorrer em 2020, tendo sido criado um grupo técnico que já está a trabalhar neste projeto.
De acordo com a notícia hoje publicada no jornal online Contacto, no final de um encontro com o ministro da Cultura português, no qual foi discutida a questão da candidatura do campo do Tarrafal a património da Humanidade, o ministro cabo-verdiano Abraão Vicente explicou que o Governo a que pertence defende “uma candidatura conjunta: Cabo Verde, Angola e Portugal, envolvendo a Guiné-Bissau”.
A ideia final, adiantou, é “ligar o campo de concentração do Tarrafal a todo o sistema prisional construído durante a época salazarista, mas numa perspetiva cabo-verdiana”. O objetivo da iniciativa será mostrar o que o povo cabo-verdiano aprendeu “a experiência da colonização”.
Encontro entre Abraão Vicente e seu homólogo português Luís Filipe Castro Mendes
O Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, apresentou ao seu homólogo português, Luís Filipe Castro Mendes, a agenda da Cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que acontece em Cabo Verde nos dias 17 e 18 de julho na ilha do Sal.
Entre outros assuntos, os dois ministros da cultura falaram sobre a candidatura do Ex Campo de Concentração do Tarrafal e a parceria entre Cabo Verde e Portugal relativamente a feiras internacionais de literatura.
O Campo de concentração do Tarrafal
A Colónia Penal do Tarrafal, situada no lugar de Chão Bom do concelho do Tarrafal, na ilha de Santiago (Cabo Verde), foi criada pelo Governo português do Estado Novo.
Em 18 de Outubro de 1936 partiram de Lisboa os primeiros 152 detidos, entre os quais se contavam participantes do 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande (37) e alguns dos marinheiros que tinham participado na Revolta dos Marinheiros ocorrida a bordo de navios de guerra no Tejo em 8 de Setembro daquele ano de 1936.
O Estado Novo, sob a capa da reorganização dos estabelecimentos prisionais, ao criar este campo pretende atingir dois objectivos ligados entre si: afastar da metrópole presos problemáticos e, através das deliberadas más condições de encarceramento, enviar um sinal de que a repressão dos contestatários será levada ao extremo.
Esta visão está claramente definida nos primeiros parágrafos do Decreto-Lei n.º 26 539, ao afirmar que serve para receber os presos políticos e sociais, sobre quem recai o dever de cumprir o desterro, aqueles que internados em outros estabelecimentos prisionais se mostram refractários à disciplina e ainda os elementos perniciosos para outros reclusos. Este diploma abrange também os condenados a pena maior por crimes praticados com fins políticos, os presos preventivos, e, por fim, os presos por crime de rebelião.
O Campo do Tarrafal, ou Campo de Concentração do Tarrafal, como ficou conhecido, começou a funcionar em 29 de Outubro de 1936, com a chegada dos primeiros prisioneiros.
Com a criação da Colónia Penal do Bié (Angola) foi extinta a Colónia Penal de Cabo Verde (Tarrafal).
.
Diáspora Lusa-Laços Com Valor
Contacte-nos