O ano de 2024 ficou também assinalado pela passagem do 5º centenário da morte de Vasco da Gama e 5º centenário do nascimento de Luís de Camões.

Personalidades incontornáveis da História de Portugal, une-os a projeção da conceção universalista de sermos, tendo presente que são dois dos maiores símbolos da nossa História.

Vasco da Gama, porque sendo um dos mais destacados navegadores da humanidade, conseguiu, contraventos e marés, alcançar o feito, antes jamais conseguido, de chegar à Índia, cerca de setenta anos depois do inicio da epopeia dos descobrimentos.

Com este feito, enquanto comandante chefe de uma caravela e duas naus, estas últimas apenas com vinte metros de comprimento e cinquenta tripulantes a bordo de cada uma das embarcações, deu lugar a uma revolução de profundo alcance para o mundo.

Desde logo precisando o primeiro planisfério com a exata caracterização geográfica dos continentes, impulsionando a mundialização do comércio.

A isto acresceu o contacto com religiões praticamente desconhecidas, para além de alavancar novas descobertas, escassos anos volvidos após a chegada à Índia, particularmente à China e a toda a região envolvente.

O ano de nascimento de Camões, coincidente com a morte de Vasco da Gama, traduz uma singular premonição que possibilitaria ao génio autor dos Lusíadas eterniza-lo de forma gigantesca, pelos feitos que o “libertaram da lei da morte”.

Camões e Vasco da Gama são e foram pilares da dimensão que a língua portuguesa tem hoje no mundo, uma das mais faladas e com invulgar potencialidade de crescimento futuro.

Não poderíamos deixar de, por estas e muito mais razões, os invocar aqui e agora, tendo presente que as homenagens que merecidamente têm sido objeto se prolongarão no ano de 2025.

Ao fazê-lo, temos presente que os povos africanos de língua portuguesa celebrarão no próximo ano a passagem do 50º aniversário das independências, número redondo que envolverá seguramente iniciativas que registarão a necessidade do aprofundamento das relações entre todos os países que hoje integram a CPLP.

Neste mundo incerto e cada vez mais complexo, esse reforço é um importante alicerce para a sua própria defesa e do conjunto dos nossos países.

Aliás, tudo isto interliga também duas das maiores personalidades da língua portuguesa, porque não há futuro sem memória e ambos – Vasco da Gama e Camões – provaram-no que assim é.

 

Vitor Ramalho

 

Lusofonia por Vitor Ramalho