A inovação e a digitalização são dimensões essenciais de qualquer estratégia de desenvolvimento regional, pois a tecnologia e a conetividade digital permitem quebrar barreiras e ultrapassar obstáculos; permitem que os trabalhadores, as empresas e os territórios tenham as mesmas ferramentas para criar valor, tornar-se mais competitivos e agarrar novas oportunidades. Só assim, se muda para melhor o mercado de trabalho; a forma como atraímos investimento; as qualificações e a especialização dos trabalhadores; o modo como reduzimos os custos da tecnologia e da inovação nas empresas; a forma como ajudamos estes negócios a adaptarem-se aos consumidores, atendendo às necessidades e prioridades do consumo futuro.
As metas digitais da União Europeia para 2030 estão estabelecidas e irão conceber oportunidades de desenvolvimento sustentável nos territórios do Interior que vão além do setor primário, fomentando novas vertentes de crescimento da indústria transformadora e dos serviços, concorrendo para a atração de novas populações, de centros de competências, de investigação que aportarão novas abordagens, como a produção biológica e a economia verde, a produção de energia sustentável, a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade, e especialmente de indústrias e serviços inovadores e criativos, como o turismo rural, que permitam oferecer experiências memoráveis com a natureza e com estes territórios, dotando-os de mais e melhores oportunidades.
O incremento da qualidade territorial passa pela monitorização de padrões de qualidade de vida e ambientais, mas também pelo acesso equitativo aos serviços de interesse geral e ao conhecimento. O estímulo à eficiência territorial deve ser avaliado pela eficiência de recursos no que respeita à energia, ao solo e aos recursos naturais, mas também pela competitividade do tecido económico e atratividade do território, pelas acessibilidades interna e externa, pela capacidade de resistência às forças desagregadoras relacionadas com os processos de globalização e pela integração territorial e cooperação entre regiões.
Finalmente, a consolidação na identidade territorial, é conseguida pela presença de “capital social”, pela capacidade de desenvolver visões partilhadas sobre o futuro, pelas especificidades e conhecimento locais, pelas vocações produtivas e pelas vantagens competitivas de cada território.
O desenvolvimento regional passa pela aposta na I&D, por uma maior flexibilidade e simplicidade de acesso a serviços públicos em territórios do Interior, no alargamento e diversificação da rede de instituições académicas, científicas e tecnológicas e ligação das mesmas ao tecido produtivo, na cobertura territorial de infraestruturas de suporte à competitividade, incluindo das infraestruturas de conectividade digital, na reindustrialização e redução da dependência económica do país das importações, na valorização do território, no desenvolvimento de uma economia circular, no combate às alterações climáticas, na implementação de roteiros da descarbonização, na redução da poluição, na gestão sustentável da água e demais recursos naturais, na mobilidade multimodal sustentável, e tantas outras opções possíveis.
Os fundos europeus regionais devem ser colocados ao serviço do desenvolvimento económico do país e da convergência com a União Europeia, nomeadamente em matéria de redução das assimetrias territoriais, de igualdade de oportunidades entre os cidadãos, aproveitamento do potencial endógeno e diversificação da base económica dos territórios, investimento empresarial inovador e competitivo, criação de emprego, dando resposta aos desafios demográficos (atraindo e fixando pessoas) e aos desafios estratégicos da transição digital e climática, incentivando o teletrabalho, a mobilidade sustentável e a economia circular.
Coesão Territorial por Isabel Ferreira