Por Daniel Bastos. Nos passados dias 10, 11 e 12 de julho, realizou-se na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/NOVA), o curso de verão “Emigração e remigração: novas formas de mobilidade em Portugal”, que teve como principal objetivo oferecer um quadro das recentes mudanças nos padrões migratórios de e para Portugal, com uma atenção específica aos temas do trabalho, da cidadania, da identidade e dos imaginários do futuro.
A iniciativa, que parece não ter atraído a atenção dos órgãos de comunicação, teve o condão de juntar vários especialistas da comunidade académica para expor e debater dimensões do fenómeno migratório lusófono com menor visibilidade na opinião pública. Como os casos da remigração guineense para o Reino Unido, a remigração hindu entre a África de Leste e a Europa, os portugueses ismailis em Angola, e os portugueses-bangladeshis em Londres.
Um dos casos de estudo, também alvo de análise no curso de verão, e que tem gerado impacto na sociedade portuguesa foi o dos enfermeiros lusos no estrangeiro, cujo recrutamento internacional embora persista parece ter estancado no ano passado.
Segundo dados da Ordem dos Enfermeiros, que emite as declarações de habilitação que estes profissionais precisam para exercer lá fora, em 2016 saíram do país 1614 enfermeiros, quase metade do ano anterior. Este número é inclusive inferior ao que se registou em 2011, ano da chegada da troika a Portugal, e isto depois de nos últimos anos, terem emigrado 12670 enfermeiros, mais de 2500 por ano, para países como o Reino Unido, a França, Bélgica e a Alemanha.
O aumento da contratação no Serviço Nacional de Saúde (SNS) parece estar na base do decréscimo desta emigração portuguesa qualificada, o que não poder deixar de ser visto como um dos bons indicadores atuais do país.
No entanto, como tem alertado a Ordem dos Enfermeiros, nada garante que a tendência não torne a inverter-se, dada a disparidade de salários e de progressão na carreira no estrangeiro, pelo que é fundamental consolidar e fortalecer estes recentes sinais positivos, tanto que é mais ou menos unânime que faltam milhares de enfermeiros no SNS.
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