Em entrevista à DIÁSPORA LUSA, Júlia Fernandes fala-nos da relação deste concelho com a Diáspora e das potencialidades e inúmeras oportunidades de investimento num território de referência pelo sucesso da sua estratégia de desenvolvimento assente na aliança entre a sua identidade histórica e a modernidade.

Quais são historicamente os principais destinos da emigração da Região de Vila Verde?
O concelho de Vila Verde tem filhos da terra um pouco por todo o mundo. Brasil foi dos primeiros  destinos preferenciais, estando particularmente associado ao Lenço de Namorados, ícone identitário do concelho e que muitos jovens levaram quando deixaram a sua terra e a sua amada, sobretudo nos séculos XIX e primeira metade do século XX. Tivemos também muitos emigrantes na Venezuela, e temos ainda muitos no Canadá e nos EUA, assim como na África do Sul e até na Austrália. Nas últimas décadas, a Europa tem sido de facto o principal destino, sobretudo a França, assim como Alemanha, Suíça, Espanha, Luxemburgo e Reino Unido.

Em que épocas se registaram os principais fluxos migratórios e em que atividades profissionais se fixaram?
No pós I Guerra Mundial e no tempo da ditadura do Estado Novo, a grande maioria dos nossos emigrantes foram trabalhar na construção civil. Ao longo dos tempos, essa realidade foi evoluindo.

Hoje, temos emigrantes que são grandes empresários. Os filhos dos emigrantes formaram-se nas universidades, em muitos casos estrangeiras, e estão ligadas às mais diversas áreas de atividade.

Nos tempos mais recentes, temos muitos jovens licenciados a emigrar, sobretudo para a Europa, mas também para os EUA, desenvolvendo atividades e carreiras nas mais diversas áreas, seja na indústria, na saúde ou na investigação e desenvolvimento tecnológico. Simultaneamente, temos ainda jovens que emigram para áreas de trabalho na construção civil, na hotelaria, entre outras.

O relacionamento com as pessoas naturais da região a residir no estrangeiro é um objetivo da Autarquia que dirige? De que forma se fomenta esse relacionamento?
A generalidade da população no concelho de Vila Verde tem familiares emigrantes. Por isso, há uma enorme sensibilidade e afinidade com a emigração. Vila Verde é um concelho com uma forte dinamização sociocultural, em que damos uma grande importância às tradições e às nossas raízes.

É uma identidade forte e muito própria que queremos preservar e utilizamos como fator de valorização do concelho, num conceito de desenvolvimento em que a tradição é fator de diferenciação e mais-valia para um progresso marcado pela modernidade e pela inovação. Tudo isto é algo a que os nossos emigrantes dão particular valor e representa um elemento extra de orgulho e de identificação com a terra natal.

Os nossos eventos e as nossas atividades festivas – seja a Rota das Colheitas ou a Festa das Colheitas em outubro, o Mês do Romance em fevereiro ou as festas religiosas no verão reforçam a ligação aos nossos emigrantes, que agendam as suas férias em função destes eventos, onde se sentem perfeitamente integrados e reconhecem-se como ativos que continuam a ser importantes no seio das nossas comunidades.

O Município de Vila Verde procura também manter a ligação aos nossos emigrantes através de ações de geminação e participações em eventos no estrangeiro, nomeadamente em França, Alemanha e Espanha, assim como no Brasil.

O Verão e o Natal, enquanto estações do ano preferencial para o regresso para férias por parte dos Portugueses na Diáspora, são encarados como uma oportunidade para aumentar a proximidade com estas comunidades? Que iniciativas são desenvolvidas durante estes períodos?
Com o Verão, o Natal e também a Páscoa, a população do concelho quase duplica, tal é a afluência e o número de emigrantes que regressam às suas terras. São períodos especiais, com um imenso programa de atividades, tanto de âmbito concelhio como a nível das nossas freguesias. Nos serviços do Município temos também uma atenção especial para assegurar a melhor resposta às necessidades e expectativas dos nossos emigrantes, seja no que toca à capacidade das infraestruturas seja ao nível do próprio funcionamento do Município, já que é nestas alturas que eles procuram resolver os seus assuntos.

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