Professor Coordenador Principal e atual Presidente do Politécnico de Portalegre, Luís Carlos Loures é Pai, Professor, Gestor e Investigador.
Nasceu a 10 de março de 1982 em Faro, cidade onde passados 18 anos iniciou a sua formação superior na Universidade do Algarve. É licenciado em Arquitetura Paisagista e em Engenharia Agronómica, e Doutor em Ciências e Tecnologias do Ambiente na especialidade de Planeamento Urbano, trabalho no âmbito do qual desenvolveu investigação nos Estados Unidos e no Canadá, respetivamente, na Michigan State University e na Universidade de Toronto.
Em entrevista exclusiva à Diáspora Lusa Magazine, Luís Loures apresenta a Instituição que dirige.
Como caracteriza o Instituto Politécnico de Portalegre em número de alunos, cursos e inserção territorial e quais os desafios futuros para os próximos anos ?
Localizado numa zona de baixa densidade, o Instituto Politécnico de Portalegre conta já com 43 anos de existência, e caracteriza-se por ser uma entidade que se afirmou no caminho do conhecimento a nível regional. Hoje, aposta na vertente tecnológica e numa ação voltada para a comunidade local, regional e internacional.
“Penso que o nosso Instituto Politécnico tem desempenhado um trabalho muito integrador, não só na perspetiva regional, mas também naquela que é a perspetiva nacional e internacional. Ao trabalhar muito com a região e pela região, temo-nos debruçado naquela que é a oferta formativa sobre os principais impactos internacionais, como os ODSs, algo que interessa a todos, mas que nós tentamos colocá-los nos problemas da região, não só através da investigação, mas também através da formação cívica dos alunos, da formação técnica ou científica. Ainda, que apesar de ter uma história “jovem”, esta instituição conta com “áreas de afirmação muito significativas”.
O Politécnico de Portalegre é uma instituição pública de Ensino Superior que integra a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS-IPPortalegre), a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG-IPPortalegre), a Escola Superior de Saúde (ESS-IPPortalegre), em Portalegre, e a Escola Superior Agrária (ESAE-IPPortalegre), em Elvas.
“A mais nova é a escola agrária. Cada uma das nossas escolas tem especificidades e idiossincrasias que permitiram que se afirmassem no panorama europeu.
O Ensino Superior é dividido em 3 ciclos de Estudos: Licenciatura, Mestrado e Doutoramentos. Qual a oferta formativa do Instituto Politécnico de Portalegre e agora Universidade Politécnica de Portalegre com a possibilidade também de ministrar Doutoramentos?
No campo académico, os alunos do Instituto Politécnico de Portalegre podem realizar mestrados e doutoramentos.
“Cobrimos toda a fileira formativa, ou seja, começamos com os cursos de técnicas profissionais, que têm uma ligação para as licenciaturas e depois para cada licenciatura, temos vários mestrados ou postos de negociações. E agora, submetemos, há alguns dias, duas propostas de doutoramento. Doutoramento na área da agricultura sustentável. Foi submetido em parceria com a Universidade de Lisboa, com o Instituto de Agronomia e eu tenho a certeza que vai ser um sucesso porque, efetivamente, é uma área onde nós trabalhamos há muito tempo e conseguimos utilizar numa mesma proposta de doutoramento os melhores especialistas nacionais nesta semana. O outro doutoramento é numa área onde nós somos pioneiros, e que agora está muito na moda, mas em que nós já trabalhamos há mais de 20 anos, que é a área do hidrogénio. E por que temos estes doutoramentos? Porque reunimos recursos humanos altamente qualificados e temos equipamentos de ponta a nível internacional”, destacou este professor.
“Procuramos, acima de tudo, oferecer um ensino de qualidade, aberto à vertente internacional, valorizando cada vez mais a região e as pessoas”.
Quanto à oferta que proporciona ao estudante de várias atividades extracurriculares, nomeadamente no apoio à prática de atividades desportivas e culturais individuais e em grupo o que nos tem a salientar ?
As atividades das quatro Escolas Superiores do Instituto Politécnico de Portalegre são coordenadas pelos Serviços Centrais, estando os Serviços de Ação Social (SAS) orientados para apoiar o estudante, nomeadamente nas questões relacionadas com a alimentação, alojamento, apoio psicológico e atividades desportivas e recreativas.
Temos Protocolos com as 2 cidades onde estamos inseridos, Portalegre e Elvas para usufruto das instalações Municipais de Desporto a título gratuito para todos os nossos estudantes.
Assim como para as áreas culturais com acesso ás Instituições Culturais Municipais complementando a todos os nossos alunos atividades extracurriculares no território onde estamos inseridos.
Para promover, estimular e gerir atividades de investigação aplicada, desenvolver a transferência de conhecimento e tecnologia para as indústrias e comunidade e contribuir para a racionalização e gestão integrada de recursos científicos em que áreas do conhecimento tem o Politécnico de Portalegre investido para aumentar as suas áreas de inovação e empreendedorismo?
Temos parcerias diversas. Criamos aqui um ecossistema produtivo e criativo para potenciar a aprendizagem, investigação, inovação e empreendedorismo. Recentemente, foram alargadas as instalações onde temos na Nave Industrial do nosso Campus mais de 50 empresas incubadas em atuação nas áreas onde nós lecionamos. E isso permite criar uma lógica dos alunos desde o primeiro ano que têm uma ligação e um contacto empresarial. Ou seja, os alunos têm contacto com empresas como a IBM, que é uma empresa multinacional, mas também tem contacto com a empresa do colega que terminou o ano passado e que tem dois colaboradores. Ou seja, dá-lhes aqui uma visão integrada sobre o mundo empresarial. E depois, tem uma vantagem significativa, que me parece que é a questão dos projetos. Nós apostámos muito na investigação e na investigação aplicada e nós temos a âncora em todas as escolas. Ou seja, todos os alunos acabam, de alguma forma, por participar em projetos de investigação aplicada juntamente com as empresas e isso, do ponto de vista formativo, é diferenciador”, explicou este responsável.
O Instituto Politécnico de Portalegre aposta também num FabLab, onde existem laboratórios que valorizam o saber.
“A propriedade da prototipagem tem a ver com esse FabLab. Criamos também um laboratório de animação digital que tem equipamento de ponta. Depois, é um exercício também muito efetivo. E é aí onde nós temos, a nível nacional, a característica de sermos a instituição mais bem equipada do país, e isso tem a ver com a questão das energias de nitrogénio, entre outros”,
O Politécnico de Portalegre conta ainda com uma incubadora de base tecnológica (BioBIP) , um Gabinete de Investigação e Inovação (GII), um Gabinete de Empreendorismo e Emprego (GEE), um Centro de Línguas e Culturas (CLIC) e um Gabinete de Relações Internacionais (GRI).
O objetivo desta entidade é “estar cada vez mais próxima da comunidade e contribuir para o seu desenvolvimento sustentado, oferecendo diversos serviços quer através dos seus laboratórios, quer através de parcerias e apoio à investigação aplicada”.
No Ensino Superior Público em Portugal, existem anualmente cerca de 7% das vagas destinadas aos Lusodescendentes. Na estratégia de Internacionalização e captação de novos estudantes, vê o Instituto Politécnico de Portalegre uma Janela de oportunidades para a formação dos jovens Portugueses e Lusodescendentes. Residentes no Estrangeiro?
Sim , só que o preenchimento das vagas por parte dos Lusodescendentes é residual.
Temos uma percentagem de cerca de 10 a 12% de alunos internacionais, maioritariamente oriundo de Países da CPLP, com destaque para o Brasil, Cabo Verde e S.Tomé e Príncipe.
Temos também alunos oriundos por exemplo do Quénia e também do Chile.