Quais são historicamente os principais destinos da emigração da Região de VIANA DO CASTELO?
Viana do Castelo não conta com dados sobre os destinos da emigração, mas sabemos que a nossa região tem acompanhado as tendências nacionais. Assim, historicamente, como sabemos, os portugueses emigravam dentro da Europa, procurando trabalho com salários mais elevados e uma qualidade de vida superior.
Em que épocas se registaram os principais fluxos migratórios e em que atividades profissionais se fixaram?
Os anos 60 e início dos anos 70 foram caraterizados por uma forte emigração portuguesa para a Europa, para a América do Sul e Canadá, pelo que Viana do Castelo não foi exceção. Os vianenses emigravam não só para trabalhar, mas também para fugir à guerra colonial. Nesse sentido, destinos como França, Alemanha e Reino Unido eram muito comuns, já que eram países que queriam reconstruir as suas economias no pós-guerra. Bélgica, Suíça e Luxemburgo foram também países que receberam muitos dos nossos concidadãos. Os portugueses procuravam todo o tipo de atividades profissionais, mas os trabalhos mais indiferenciados eram naturalmente a opção mais acessível a quem não conhecia país e língua, sendo que a França foi mesmo um dos principais destinos.
O relacionamento com as pessoas naturais da região a residir no estrangeiro é um objetivo da Autarquia que dirige? De que forma se fomenta esse relacionamento?
Viana do Castelo é um concelho acolhedor e, dentro da nossa natural hospitalidade, obviamente que é nosso objetivo manter e reforçar o nosso relacionamento com os vianenses a residir no estrangeiro. Desde 2010 que a Câmara Municipal de Viana do Castelo conta com um Gabinete de Apoio ao Emigrante, que visa esclarecer e orientar os vianenses que emigraram e agora pretendem regressar a casa. Este serviço, em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, recebe os vianenses, com o objetivo de os ajudar numa boa integração no regresso à terra onde nasceram, trabalhando ainda as relações que os emigrantes criaram com instituições estrangeiras durante os anos de emigração.
O Verão e o Natal, enquanto estações do ano preferencial para o regresso para férias por parte dos Portugueses na Diáspora, são encarados como uma oportunidade para aumentar a proximidade com estas comunidades? Que iniciativas dirigidas a este público-alvo são desenvolvidas durante estes períodos – ENCONTROS PNAID 2023 em Dezembro?
Viana do Castelo sente de forma muito particular o regresso dos seus emigrantes a casa nos períodos de férias maiores, nomeadamente no Verão e no Natal. Por isso mesmo, trabalhamos afincadamente nos programas culturais que promovemos nestas alturas, por acreditarmos que é precioso oferecer tudo aquilo que de melhor temos a quem nos visita nestes períodos de férias/períodos festivos.
No Verão, os nossos emigrantes vivem com particular intensidade as nossas festas, promovidas nas nossas freguesias, sendo a Romaria d’Agonia o ponto alto da nossa agenda cultural anual. A verdade é que as Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia são o expoente máximo das tradições, dos usos e costumes de Viana do Castelo. Entrar na Romaria é sentir a genuinidade de todos aqueles que se entregam de forma abnegada à preparação e participação dos vários quadros: nas procissões, nos desfiles, no cortejo e nos festivais que compõem a festa, entre muito mais, tornando-a verdadeiramente única. Os nossos emigrantes podem estar longe, mas têm sempre o coração em Viana, pelo que a Romaria é-lhes particularmente querida.
Já no Natal, temos o programa “Viana Coração do Natal”, com um programa vasto e animado, fomentador de momentos de convívio em família e com amigos, tão valiosos para quem está emigrado.
Por isso mesmo, o facto de Viana do Castelo ser palco dos ENCONTROS PNAID 2023 em pleno mês de dezembro dá-nos a garantia que os nossos emigrantes vão poder marcar presença e representar da melhor forma a nossa diáspora, numa época em que já estão naturalmente de regresso a casa para as festividades.
O Concelho de VIANA DO CASTELO apresenta atualmente oportunidades de investimento para os empresários portugueses na diáspora? Em que setores de atividade?
Viana do Castelo distingue-se por uma grande heterogeneidade empresarial. Neste momento, diferentes setores têm conquistado importância, nomeadamente o cluster automóvel, o cluster das energias renováveis, o cluster do papel e a metalomecânica.
O concelho tem merecido avultados investimentos nas energias renováveis oceânicas, altamente tecnológicas, graças a condições naturais únicas na costa portuguesa para potenciar mais este potencial energético. Sentimos, pois, que o mar e nosso rio Lima têm um enorme potencial e que a instalação de projetos inovadores e marcadamente tecnológicos em Viana do Castelo vão representar uma oportunidade de crescimento do emprego e da economia em torno da metalomecânica, construção e reparação naval, atividades logísticas com embarcações, indústrias de cabos e amarrações, sistemas eletrónicos e outras especialidades.
Assim sendo, acredito que estes são os mercados que mais representam oportunidades de investimento para os empresários portugueses, nomeadamente os que estão na diáspora.
O chamado “mercado da saudade” é também um investimento que considero louvável, visto que os nossos emigrantes gostam sempre de poder usufruir do mais típico que Portugal tem, independentemente do local que escolheram para viver.
Como avalia o cariz empresarial / exportador das empresas do concelho? As comunidades na diáspora contribuem para o sucesso internacional dessas empresas? De que forma?
As empresas do concelho alcançam, atualmente, um volume de negócios de 2.500 milhões de euros, sendo que o total das exportações do concelho já ultrapassou a fasquia dos 1.000 milhões de euros, o que corresponde a mais do dobro da média nacional para este volume de negócios.
Acredito que a nossa diáspora tem um papel de enorme relevo para estes números que tanto nos orgulham, pois os emigrantes promovem o nome de Viana do Castelo e das nossas empresas além fronteiras, “abrindo portas” e gerando oportunidades de negócio no estrangeiro.
A Câmara Municipal tem apresentado Viana do Castelo nas principais feiras de turismo nacionais e internacionais, está a promover um plano de internacionalização da marca turística Viana do Castelo. A autarquia tem como desígnio a internacionalização de Viana do Castelo e, para tal, têm sido muitos os contactos efetuados quer com embaixadores, quer com associações e clubes na diáspora para atingir novos mercados, sobretudo junto daqueles que são também os principais embaixadores de Viana do Castelo: os nossos emigrantes.
Como descreve VIANA DO CASTELO e o concelho aos portugueses na diáspora oriundos de outras zonas de Portugal?
Viana do Castelo tem como símbolo maior o coração porque representa o amor. Amor pela natureza e pelas paisagens naturais. Amor pela arquitetura. Amor pela gastronomia e vinhos. Amor pelas tradições. Amor pelos usos e costumes. Amor pelas festas e romarias. Amor pelo rio, pela montanha e pelo mar. Amor por tudo aquilo que nos representa, numa “chieira” inigualável. Viana do Castelo tem a beleza da montanha, a calma do rio e a força do mar.
É um concelho acolhedor, que evidencia uma simbiose perfeita entre as tradições e a modernidade, marcado pela beleza das paisagens naturais, pelo encanto da arquitetura tradicional e contemporânea, apresentando ofertas turísticas e atividades variadas para os mais diversos gostos e idades.
Viana é cenário natural de indescritível beleza, com um conjunto de espaços dedicados à receção e acolhimento de quem visita a cidade e o concelho, com unidades hoteleiras de referência, cafés e restaurantes de elevada qualidade.
Destaca-se na gastronomia, que tem por base o peixe e os produtos frescos e típicos, onde é rei o Bacalhau à Viana, e na doçaria conventual, na qual a rainha é a Torta de Viana, em refeições sempre acompanhadas pelos vinhos verdes da região.
O concelho é rico em tradições e o traje à vianesa é um dos grandes símbolos do país, sendo reconhecido como “marca” em Portugal e no estrangeiro pelo colorido e originalidade das suas peças. Intimamente ligada ao traje à vianesa, à arte de bem trajar e ourar, realça-se a Romaria d’Agonia, a rainha das romarias de Portugal, que ocorre anualmente em torno do feriado municipal de 20 de agosto.
Quais são os principais atrativos turísticos de VIANA DO CASTELO que merecem uma visita dos portugueses na diáspora, sabendo nós através dum estudo do TURISMO DE PORTUGAL que eles são responsáveis por cerca de 25% dos Turistas em Portugal?
Viana do Castelo é um concelho de diversos encantos, mas quem nos visita não pode deixar de visitar alguns dos nossos principais pontos turísticos: Santuário Diocesano do Sagrado Coração de Jesus (Templo de Santa Luzia), Ponte Eiffel, Praça da República, Praça da Liberdade, Centro Cultural, Sé de Viana, Navio-museu Gil Eannes, Museu do Traje e Museu de Artes Decorativas.
As praias e os desportos náuticos são outros dos nossos atrativos, sem esquecer os trilhos pela montanha e os desportos mais radicais. Não posso deixar de aconselhar a que, pelo menos uma vez na vida, se visite Viana do Castelo nos dias das Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, que são o ponto alto das nossas tradições.
Já no mês de maio, o ciclo da flor brinda-nos com festas de enorme perfume e beleza, nomeadamente em Vila Franca, Vila Mou e Alvarães, que são também motivo de enorme interesse turístico.
Como avalia o relacionamento com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas pois os ENCONTROS PNAID 2023 realizar-se-ão aqui em VIANA DO CASTELO de 14 a 16 Dezembro e os incentivos ao Investimento no Interior dos Portugueses da Diáspora através do PNAID – Programa Nacional de Apoio ao Investidor da Diáspora?
O facto de Viana do Castelo ter sido a cidade escolhida para acolher os ENCONTROS PNAID 2023 é bem representativo da excelente relação que o Município tem com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e da importância dos nossos emigrantes.
Tal como o Secretário de Estado Paulo Cafôfo anunciou aquando da apresentação do programa dos Encontros em Viana do Castelo, a diáspora é “empreendedora e fazedora”, pelo que estes dias 14, 15 e 16 de dezembro serão uma homenagem à capacidade de trabalho da nossa comunidade emigrante.
No âmbito do PNAID foram apoiados até à data 135 projetos, que representam um potencial de investimento de 155 milhões de euros, mas sabemos que ainda podemos crescer nos investimentos e parcerias, pelo que todos os incentivos são salutares e necessários.
Mecanismos como “Obtenção do estatuto de Investidor da Diáspora“ e da “Marca de Investimento da Diáspora” promovidos pelo GAID – Gabinete Apoio ao Investidor da Diáspora do Governo, em estreita ligação com os GAE – Gabinete de Apoio ao Emigrante sediados nos Municípios são o garante duma frutuosa estratégia de captação de investimento para os investidores da Diáspora nos nosso territórios.
Destaco aqui o PNAID – Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora e o Guia Fiscal do Interior com os seus benefícios fiscais, como peças legislativas basilares da sustentação duma nova estratégica de captação de investimento para a nossa Diáspora.
Tem o Município de VIANA DO CASTELO uma estratégia para a Rede de Apoio ao Investidor da Diáspora nomeadamente através do GAE – Gabinete de Apoio aos Emigrantes ao Investimento da Diáspora?
Não temos uma estratégia definida para essa rede de apoio ao investidor da diáspora, mas estou certo que estes ENCONTROS PNAID 2023 serão o incentivo necessário para avançarmos nessa direção. Temos o maior orgulho nos nossos emigrantes e sabemos que estes são verdadeiros embaixadores de Viana do Castelo no mundo, pelo que queremos assimilar todas as informações e todas as oportunidades que estes Encontros nos trazem.
Este é a 8ª Edição da revista Diáspora Lusa Magazine, um dos vários projetos desenvolvidos pela Diáspora Lusa. Como avalia a importância do desenvolvimento de canais de comunicação dirigidos aos 5 milhões de portugueses no Mundo?
Os nossos emigrantes são a mais bela prova de que, passem os anos que passarem, o amor pela terra onde nasceram não esmorece. Por isso, é sempre com emoção que acompanho o trabalho das associações, instituições ou dos grupos que, além-fronteiras, fazem questão de promover aquilo que é nosso. Por isso mesmo, não posso deixar de valorizar o trabalho de excelência da Diáspora Lusa, que faz com que o longe se torne perto, aproximando quem está cá e quem está lá, unindo os nossos emigrantes às suas raízes.
Os 5 milhões de portugueses espalhados pelo Mundo são verdadeiros embaixadores do nosso país, das nossas tradições, de tudo aquilo que nos distingue e nos identifica. Assim sendo, os projetos desenvolvidos pela Diáspora Lusa são de enorme relevo por permitirem que um país pequeno em dimensão física seja enorme no que toca à força e projeção da sua identidade.
Luís Nobre in Diáspora Lusa Magazine 8