De acordo com os dados divugados pelo Observatório da Emigração Portugal é o segundo país europeu com maior taxa de população emigrada em proporção com a população residente.

Por outro lado, estima-se que dos 243 milhões de migrantes a nível mundial, 2.3 milhões sejam portugueses, fazendo de Portugal o 27.º país do mundo com mais emigrantes.

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Confirma-se que a emigração portuguesa se mantém em valores claramente superiores a 100 mil saídas por ano, ou seja, a níveis que, na história recente, só têm paralelo com os movimentos populacionais dos anos 60 e 70 do século XX. A existência de uma população portuguesa emigrada de grande dimensão, em consequência da acumulação de processos de fixação no destino ainda maioritários entre os emigrantes portugueses, funciona hoje como um atractor, por si só, de novos migrantes, fornecendo informação sobre alternativas de vida e dispensando apoios nas primeiras fases de fixação.

É pois improvável, nos próximos anos, uma redução do volume da emigração para os níveis anteriores à crise, tal como é improvável uma retoma significativa do seu crescimento depois do ajustamento, entretanto alcançado, embora em termos degradados no plano laboral, entre a capacidade de criação de emprego da economia e a contínua chegada ao mercado de trabalho de novas gerações.

Em termos acumulados, Portugal continua a ser o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente (considerando apenas os países com mais de um milhão de habitantes). De acordo com as últimas estimativas das Nações Unidas, em 2015, o número de emigrantes nascidos em Portugal superou os dois milhões e trezentos mil, o que significa que cerca de 22% dos portugueses vive fora do país.

Desde os anos 60 do século XX, a emigração portuguesa dirige-se, sobretudo, para destinos europeus. Refletindo o efeito acumulado dessa reorientação dos fluxos e a sua intensificação nas últimas décadas, a percentagem de portugueses a viver na Europa passou de 53%, em 1990, para 62%, em 2015, de acordo com estimativas das Nações Unidas.

 

Países de destino

Analisando a evolução das entradas de portugueses nos principais países de destino, confirma-se o continuado crescimento da emigração para o Reino Unido desde 2010, embora a um ritmo mais lento do que até 2013, a retoma do crescimento da emigração para Espanha (mais 12% pelo segundo ano consecutivo) e, surpreendentemente, uma aceleração da emigração para Angola em 2015, com um crescimento de mais de 30% em relação a 2014. Em contrapartida, continuou, em 2015, pelo segundo ano consecutivo, a tendência para a diminuição da emigração para a Alemanha e para a Suíça, que se observa desde 2013, embora ainda num patamar elevado de saídas. Os dados sobre as entradas de portugueses em França, embora escassos, apontam no sentido de uma estabilização do fluxo em valores elevados: em média, mais de 18 mil entradas por ano entre 2010 e 2015.

O Reino Unido continua a ser o país para onde emigram mais portugueses: 32.3 mil em 2015, 30.5 mil em 2014. Seguem-se, como principais destinos dos fluxos, a França (18.4 mil em 2013), a Suíça (12.3 mil em 2015) e a Alemanha (9.2 mil em 2015). Fora da Europa, os principais países de destino da emigração portuguesa integram o espaço da CPLP: Angola (6.7 mil em 2015), Moçambique (4.0 mil em 2014) e Brasil (1.3 mil em 2015).

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França continua a liderar

Combinando uma história longa de emigração no passado com o aumento das entradas de portugueses na corrente década, a França continua a ser o país do mundo onde vive um maior número de emigrantes nascidos em Portugal: mais de 600 mil em 2013, último ano para o qual há informação oficial disponível. Ainda com mais de 100 mil emigrantes portugueses residentes encontramos, por ordem decrescente, a Suíça (217 mil em 2015), os EUA (177 mil em 2014), o Canadá (140 mil em 2011), o Reino Unido (140 mil em 2015), o Brasil (138 mil em 2010), a Alemanha (110 mil em 2015) e a Espanha (107 mil em 2015). Dois factos salientes. Em primeiro lugar, a ascensão do Reino Unido no ranking dos países em que vivem mais portugueses emigrados (5.ª posição em 2015) e as dúvidas sobre a sustentabilidade dessa ascensão no pós-Brexit. Em segundo lugar, o facto de, em Espanha, a retoma da emigração não ter ainda compensado o número anual de saídas por retorno ou reemigração que se seguiu à crise de 2008, o que explica a redução em 8%, entre 2014 e 2015, do número de portugueses que aí viviam, apesar do crescimento das novas entradas que ocorreu nesses mesmos anos.

 

Idade da população portuguesa emigrada

Como já foi assinalado em anteriores relatórios, e de acordo com os dados disponíveis para o conjunto dos países da OCDE, relativos aos censos de 2000/01 e 2010/11, a população portuguesa emigrada encontra-se em envelhecimento e continua a ser maioritariamente composta por ativos pouco qualificados, quando caracterizada em termos globais, já que existem diferenças significativas por país. A tendência para o envelhecimento resulta do facto de o recente crescimento da emigração ser ainda insuficiente para compensar a redução dos fluxos de saídas de Portugal verificada entre 1974 e finais do século XX. Em consequência, o grupo etário dos portugueses emigrados com mais de 64 anos passou, naqueles países, de 9% para 17%, entre 2001 e 2011. A par com o predomínio de ativos com baixas e muito baixas qualificações escolares, observa-se também um crescimento significativo da proporção dos mais qualificados: a percentagem de portugueses emigrados com formação superior a residir nos países da OCDE praticamente duplicou, passando de 6% para 11%, entre 2001 e 2011, aumento que acompanhou o crescimento do número de ativos com formação superior na população portuguesa a residir no país. Nos últimos anos, porém, com o crescimento e peso crescente da emigração para o Reino Unido, é provável que o ritmo de qualificação da população emigrada tenha superado já o da população portuguesa residente no país.

 

Valor das remessas

Em 2015, o valor das remessas de emigrantes recebidas em Portugal foi ligeiramente superior a 3.3 mil milhões de euros (€3,303,650), representando cerca de 1.8% do PIB naquele ano. Os dois países onde residem mais portugueses, França e Suíça, foram também os países de origem de mais de metade das remessas recebidas em Portugal em 2015 (31% e 26%, respetivamente). Com a publicação, pelo Banco de Portugal, de uma nova série retificada de dados sobre as remessas recebidas em Portugal, alteraram-se um pouco as conclusões extraídas no relatório do ano passado. Analisando os novos dados, importa sobretudo realçar a retoma do crescimento do valor nominal das remessas a partir de 2012 (mais 36% até 2015), fenómeno que se traduziu numa ligeira subida do peso económico das remessas (para 1.8% do PIB). Entre os países desenvolvidos com mais remessas recebidas, Portugal continua a ser aquele em que o referido peso é maior, sendo, em termos relativos, o 17.º país do mundo com mais remessas quando medidas em percentagem do PIB (considerando apenas os países que receberam mais de mil milhões de dólares em remessas em 2015).

 

Fonte: Observatório da Emigração. Pires, Rui Pena, Cláudia Pereira, Joana Azevedo, Inês Espírito-Santo e Inês Vidigal (2016), Emigração Portuguesa. Relatório Estatístico 2016, Lisboa, Observatório da Emigração e Rede Migra, CIES-IUL, ISCTE-IUL. DOI: 10.15847/CIESOEMRE032016

Gráfico elaborado pelo Observatório da Emigração com base nos dados sobre as entradas de portugueses nos países de destino.

 

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