Investir no Médio Oriente envolve uma série de riscos e oportunidades que merecem ser destacados nesta crónica. A região do GCC (Gulf Cooperation Council) é constituída por seis estados árabes: Bahrain, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Nos últimos anos, esta área tem enfrentado considerável instabilidade política, económica e social, principalmente devido a questões religiosas, tendo atingido o pico com o bloqueio ao Qatar em Junho de 2017 até Janeiro 2021 aquando do pico da pandemia Covid 2019. No Médio Oriente existem ainda conflitos correntes em Israel, tensões com o Irão que poderão escalar e que devem ser levados em consideração. Em contrapartida, a região tem tido um crescimento económico e modernização, notável, nas últimas décadas, impulsionado, sobretudo, pelos seus abundantes recursos naturais e pela sua posição geográfica estratégica. Esta crónica irá abordar as oportunidades e os desafios que os investidores devem ter em mente antes de tomarem a sua decisão final.
Estas economias estão fortemente ligadas à exportação de petróleo, gás e seus derivados, mas têm implementado estratégias de diversificação nas suas economias para diminuir a dependência dos hidrocarbonetos. Estas alterações apresentam diversas oportunidades em diversos sectores tais como o turismo, o Dubai, por exemplo, já é um destino turístico de excelência e bastante diferenciado, ou energias renováveis.
Os países do GCC possuem mercados financeiros bastante sólidos com infraestruturas de excelência, sendo os principais centros financeiros Dubai, Abu Dhabi, Riade e Doha. Existem algumas entidades financeiras na região com presença significativa nos principais mercados financeiros na Ásia, Europa e EUA, tais como o FAB (First Abu Dhabi Bank) nos Emirados Árabes Unidos ou o QNB (Qatar National Bank) no Qatar, nas próximas crónicas poderei desenvolver mais relativamente ao sector financeiro uma vez que me encontro na região desde 2012, tendo-me mudado recentemente para os Emirados Árabes Unidos.
Nestes mercados todos os investidores têm acesso aos mais variados tipos de produtos financeiros tanto empresas como individuais, sendo que recentemente existe uma aposta muito significativa em tecnologia e inovação com a criação de Fintechs, emissão de licenças de ativos digitais e uma aposta muito representativa em inteligência artificial no setor público e privado, além disso os investidores dispõem de um sistema fiscal muito atrativo, sem a burocracia existente na Europa e com muito mais liquidez no mercado apoiados por fundos soberanos muito fortes e com grande participação nas economias locais.
Diversos países do GCC possuem agendas e visões bastante ambiciosas para os próximos 5 a 10 anos, repare-se no caso da _Vision 2030_ da Arábia Saudita, estas estratégias têm, fundamentalmente, o objetivo de aumentar a participação do setor privado nas suas economias e fomentar o investimento externo. Adicionalmente, estão em curso várias privatizações a decorrer na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos que, sem dúvida, criam oportunidades para os diferentes tipos de investidores com _yields_ esperadas bastante acima dos mercados europeus.
Para finalizar, o investimento no GCC apresenta possibilidades em diversos setores, numa região que está a passar por uma transformação económica significativa e um profundo processo de modernização e desburocratização. Apesar das referidas tensões, para investidores privados ou institucionais com uma visão de longo prazo, o GCC representa uma oportunidade única de rentabilizar os seus investimentos tanto para empresas como para privados.