Criada em 1938 por 5 empresários belgas e portugueses, a Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa é uma associação sem fins lucrativos cuja finalidade é a promoção e o desenvolvimento das relações de comércio e amizade entre Portugal e a Bélgica. Membro da Rede de Câmaras de Comércio Portuguesas e baseada em Bruxelas, a CCBP procura igualmente promover a imagem de Portugal junto internacionais dos aí organismos sedeados, nomeadamente da União Europeia.

A Diáspora Lusa Magazine entrevistou Rui Faria da Cunha que, para além de advogado, é Presidente da Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa e Membro do Conselho Consultivo da Secção Consular da Embaixada de Portugal na Bélgica.

Desde a sua fundação, em 1938, que a CCBP CÂMARA DE COMÉRCIO BELGO – PORTUGUESA tem como propósito servir e representar os interesses dos Empresários Portugueses na Bélgica. Como é que este trabalho é realizado?
Na realidade, CCBP é uma comunidade não só de empresários portugueses, mas também belgas, que têm como objetivo comum o desenvolvimento das suas redes de contatos e de negócios. A Câmara surge como um elemento agregador e facilitador,  proporcionando aos seus membros oportunidades de networking e de desenvolvimento, nomeadamente através da organização de eventos.

Pode dizer-se que é recíproco? A instituição também serve e representa os interesses da Empresas Belgas em Portugal?
Sim, sendo uma câmara bilateral, a CCBP apoia não só empresas portuguesas na Bélgica, como também empresas belgas em Portugal. Neste último caso, contamos com o apoio da AICEP e da nossa câmara irmã em Lisboa, a Câmara de Comércio Luso-Bela Luxemburguesa.

Portugal e a Bélgica têm uma relação particular (Pois Bruxelas é a Capital da União Europeia) e diplomáticas. Como vê, atualmente, o intercâmbio económico entre ambos países?

Entre Portugal e a região que corresponde hoje à Bélgica, sempre existiu, desde a fundação da nossa nacionalidade, uma forte relação política e comercial. Ao longo dos séculos, especialmente depois do casamento, em 1430, da filha do rei D. João I, Isabel de Portugal, com o duque de Borgonha e conde de Flandres, Filipe o Bom, estabeleceram-se nesta região importantes entrepostos comerciais portugueses, que teve o seu auge com criação da Casa de Portugal em Antuérpia, que existiu entre o final do século XV e o final do século XVI.

Atualmente, a Bélgica continua a ser um importante parceiro comercial de Portugal, sendo o 8º destino das nossas exportações e a 8.ª origem das nossas importações.

Como Bruxelas é não só a capital da Bélgica, mas também da União Europeia, estão igualmente presentes na cidade representações diplomáticas e de escritório de “public affairs” portugueses, muitos dos quais, membros da CCBP.

Que tipo de empresas procuram os serviços da CÂMARA DE COMÉRCIO BELGO-PORTUGUESA e com que objetivo?
Entre os membros da Câmara, encontram-se empresas belgas e portuguesas de diferentes setores e dimensão.

Desde importadores e distribuidores de vinhos e produtos alimentares portugueses, a instituições financeiras, empresas de prestação de serviços a empresas ou escritórios de representação e defesa de interesses portugueses junto da União Europeia.
Em comum, têm a vontade de pertencer a uma comunidade de empresários e cidadãos com interesse nas relações belgo-portuguesas.

Quais as áreas de negócio mais apelativas para as empresas portuguesas e Belgas?
As áreas tradicionais do têxtil, dos móveis e do calçado portugueses gozam de uma excelente reputação na Bélgica, assim como o setor agroalimentar. Também as exportações de serviços informáticos e o turismo têm tido um crescimento assinalável nos últimos anos e há espaço para continuar a crescer.

A Bélgica, por seu turno, um dos 10 maiores investidores em Portugal, tem particular interesse nos setores do imobiliário, do retalho, da energia, dos transportes e dos serviços financeiros. O plano do governo português para a exploração de energia eólica offshore deverá atrair particular interesse das empresas belgas, com longa experiência no setor.

Pode-nos dar uma breve resenha Biográfica e empresarial sua e como vê o movimento associativo na nossa Diáspora? 
Nasci em Oliveira do Hospital, em 1969, mas cresci em Coimbra, onde me licenciei em direito, em 1993. Em 1995, depois de terminar o meu estágio de advocacia, rumei a Macau, onde fui advogado e notário privado até 2003, altura em que me radiquei em Bruxelas, onde sou igualmente advogado.

Além da licenciatura em direito, completei ainda três mestrados, dois em direito e um em gestão, em universidades no  Luxemburgo, nos Países Baixos e na Bélgica.
Além de advogado, sou igualmente Presidente da Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa, Presidente da Associação Alumni da Universidade de Coimbra na Bélgica e membro do Conselho da Diáspora Portuguesa. 

O movimento associativo na Diáspora tem um papel fundamental de apoio às comunidades portuguesas no estrangeiro e de ligação entre estas e Portugal.

Esta é a 9ª Edição da revista Diáspora Lusa Magazine, um dos vários projetos desenvolvidos pela Diáspora Lusa. Como avalia a importância do desenvolvimento de canais de comunicação dirigidos aos 5 milhões de portugueses no Mundo?
Os órgãos de comunicação social da diáspora têm um papel fundamental de representação e agregação das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, além de serem um veículo importante de divulgação de notícias e informações relevantes para as comunidades.

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