Os portugueses espalhados pelo mundo são, há muito, um dos maiores ativos de Portugal. A entrevista de António Calçada de Sá ao SAPO destaca precisamente a forma como a diáspora contribui para o crescimento do país, trazendo riqueza não só em termos financeiros, mas também em conhecimento, inovação e projeção internacional. Com 309 conselheiros ativos em mais de 40 países, o Conselho da Diáspora Portuguesa tem a missão de potenciar estas contribuições, reforçando a ligação entre Portugal e os seus cidadãos além-fronteiras.
A Riqueza Financeira e os Investimentos Diretos
Os portugueses na diáspora representam uma das principais fontes de entrada de capital no país, seja através de remessas financeiras, investimentos diretos ou a captação de grandes projetos internacionais. António Calçada de Sá menciona exemplos concretos, como o investimento de 657 milhões de euros da Repsol em Sines e a fábrica de cosméticos da Amyris Bio Products, avaliada em 60 milhões de euros. Estes projetos foram facilitados por redes de contacto da diáspora, demonstrando o impacto tangível do trabalho desenvolvido pelo Conselho.
As remessas financeiras enviadas pela diáspora são, historicamente, uma das maiores fontes de riqueza para Portugal, com impacto direto nas economias locais, particularmente em zonas do interior do país. Estas contribuições refletem o forte vínculo emocional dos emigrantes com o seu país de origem, alimentando a economia doméstica e incentivando o consumo e a recuperação económica em diversas regiões.
Inovação, Conhecimento e Redes de Influência
Para além dos benefícios económicos, a diáspora é também uma fonte de conhecimento e inovação. Os portugueses que ocupam posições de destaque em multinacionais, universidades e centros de investigação criam pontes que colocam Portugal no mapa global de talentos. Estes laços permitem a troca de boas práticas, a transferência de tecnologia e a criação de parcerias estratégicas que beneficiam o país.
O Conselho da Diáspora aposta ainda na criação de redes segmentadas, como a Diáspora Jovem, para envolver novas gerações de talentos. Com energia e ideias frescas, esta iniciativa procura garantir que os portugueses continuam a ser protagonistas em áreas como investigação, cultura e negócios.
Soft Power e Diplomacia Económica
António Calçada de Sá enfatiza que a diáspora é uma ferramenta poderosa de soft power e diplomacia económica. Tal como a Irlanda conseguiu antecipar e conquistar projetos americanos através da sua diáspora, Portugal pode fazer o mesmo, aproveitando as suas comunidades espalhadas pelo mundo para atrair oportunidades. Este modelo reforça a marca “Portugal” como sinónimo de competência e excelência, ao mesmo tempo que promove o orgulho nacional.
Um Futuro Promissor
Para 2024, o Conselho da Diáspora Portuguesa tem objetivos ambiciosos, incluindo o lançamento do EuroAméricas Forum, um evento que visa fortalecer os laços entre a Europa e as Américas, aproveitando o alcance dos portugueses nestas regiões. Com eventos estratégicos e uma abordagem integrada, o Conselho pretende consolidar a diáspora como um motor de desenvolvimento económico e social para Portugal.
António Calçada de Sá vê a diáspora como um exemplo vivo do que Portugal tem de melhor: resiliência, talento e capacidade de adaptação. “A nossa missão é criar riqueza — e aqui refiro-me a dinheiro, mas também a desenvolvimento, a projetos de que nos orgulhemos”, afirma.
Portugal, com a força da sua diáspora, não é apenas um país pequeno em território, mas sim um gigante em talento, inovação e ambição. A riqueza que os portugueses espalhados pelo mundo trazem ao país é inestimável, e o futuro promete ainda mais.