90% dos portugueses que emigram pretendem voltar ao país como investidores e para eles o Governo criou o Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora.

Os empreendedores portugueses seja em Portugal ou no estrangeiro têm agora a possibilidade de contarem com uma ajuda aos seus negócios através do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora – GAID.

O projeto que tem vindo a ser desenvolvido pelo Governo português conta já com 131 gabinetes de apoio ao emigrante em Portugal, sendo que 127 estão integrados em municípios e quatro em juntas de freguesias.

Segundo José Luís Carneiro, secretário de estado das Comunidades Portuguesas, este gabinete pretende identificar investidores da diáspora apoiando e informando-os nas suas intenções de investir em Portugal. “Mais de 90% dos portugueses emigrantes que pretendem investir no seu país, fazem-no nas suas terras de origem e junto das suas freguesias”, explicou ao Jornal Económico, o secretário de estado.

José Luís Carneiro adiantou ainda que existem muitos portugueses emigrados que querem investir em micro e pequenas empresas em Portugal e também empresários nacionais que pretendem internacionalizar e o GAID irá dar apoio para os dois casos.

Neste momento o GAID já tem uma base de dados com sete mil micro e pequenas empresas e 66 Câmaras de Comércio. As áreas de atuação são sobretudo na agro-alimentar, logística e distribuição, construção civil e obras públicas, turismo e restauração, novas tecnologias de informação e comunicação, saúde e farmacêutica e também no ensino e educação.

“Só a Câmara de Comércio Franco-Portuguesa tem mais de 500 empresários portugueses e luso-descendentes cujo volume de negócios anda na ordem dos 10 mil milhões de euros por ano”, refere o secretário de estado.

São muitos os casos de portugueses que fazem sucesso no estrangeiro, cujas empresas se tornam marcantes nas economias nacionais dos países que os acolhe. Depois disso a vontade de também investirem em Portugal, sobretudo nas terras de origem é muito forte. “Para isso, é necessário apoiá-los e incentivá-los. É muito importante que venham investir na nossa economia”, explica José Luís Carneiro.

O membro do Governo revela que se verifica, ainda que ténue, uma estagnação nas saídas de portugueses para fora do país e um ligeiro aumento do regresso de alguns. Depois de nos últimos anos ter-se assistido a uma saída em massa de profissionais do país, existe uma clara regressão dessa situação, mesmo que seja ainda em números diminutos.

José Luís Carneiro assegura que a estabilidade social e política e até mesmo um ligeiro crescimento económico tem permitido a manutenção dos portugueses e o regresso de outros. “O ambiente económico está a evoluir positivamente e faz com que aqueles que partiram pensem em regressar, sem euforia mas com uma sólida esperança”, admite.

Esse crescimento é visível por exemplo nas exportações para França, onde o secretário de estado revela que desde Janeiro até Setembro excederam os sete mil milhões de euros, mais 600 milhões que o período homólogo.

Também o facto de o país ter entrado na rota do turismo internacional tem ajudado para este dinamismo económico. O membro do executivo adianta que se verificou um crescimento de mais de 10% na presença de turistas em Portugal e 17% nos proveitos e mais de 45 mil novos postos de trabalho.

“Mas para eles regressarem é preciso conhecer os canais que o Estado oferece e as oportunidades que existem. Saber onde investir para ter rentabilidade. Saber quais as instituições e canais institucionais que podem recorrer para realizarem negócios seguros”, esclarece. Para melhor dirigir e informar os investidores portugueses da Diáspora, o secretário de Estado adianta ainda que está a ser preparado para 2017 um Guia Técnico de orientação e informação.

São muitos os investidores da Diáspora que regressam a Portugal, só para a regeneração urbana investiram cerca de 100 milhões, sendo que dois milhões foram para Lisboa. Depois também para área da hotelaria e restauração, para produtos regionais e muitos associaram-se a empresas nacionais.

Com o GAID o Governo pretende assim incentivar o investimento português na economia nacional e daí a importância que mereceu o primeiro encontro de investidores da Diáspora que decorreu o mês passado em Sintra e já adiantou que o segundo encontro irá realizar-se em Viana do Castelo em 2017.

Fonte: Portal Jornal Económico