O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) chamou a atenção para a dificuldade de potenciar a diáspora quando não se sabe o número certo de portugueses e lusodescendentes a viver fora de Portugal.

O V congresso SEDES esteve este fim de semana em carcavelos para abordar vários temas. No dia 4 as abordagens centraram-se nas comunidades portuguesas e na diáspora, bem como nas problemáticas a estes inerentes. Foi neste sentido que o presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas Flávio Martins, lamentou a falta de informações sobre a diáspora.

No discurso de abertura, o professor do Instituto de Estudos Superiores da Empresa (IESE) Nuno Fernandes afirmou que, comparando com o total da população residente, Portugal é o terceiro país com maior diáspora, estando atrás da Irlanda e da Nova Zelândia. Tendo em conta os cerca de 2,5 milhões de pessoas que saíram do país, alargando estes números às novas gerações, estima-se que o número de portugueses e lusodescendentes no mundo ronde os 5 milhões.

A ser verdade, Portugal tem mais 50% de cidadãos do que aqueles que vivem no país, fazendo assim um total de 15 milhões de portugueses.

Mas estes números não foram aceites por todos os intervenientes. O ex-secretário de Estado das Comunidades, José Cesário acredita que os números apresentados são baixos, dizendo que os portugueses e lusodescendentes no mundo são “dezenas de milhões”.

A acompanhar o congresso esteve também o presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas Flávio Martins que, numa intervenção por videoconferência, falou das incertezas face à quantidade de portugueses na diáspora. “Falta sabermos quantos temos nas nossas comunidades. É um número absolutamente dinâmico, mas até agora nenhum de nós chegou a um número concreto. Nós não conhecemos quem são as nossas comunidades”.

No que toca ao potencial dos portugueses no mundo, Flávio Martins referiu que as remessas enviadas para Portugal fazem com que as comunidades nunca se desliguem do próprio país. Recordou ainda a falta de referências às comunidades nas legislativas de 2019.

Nesta perspetiva, Nuno Fernandes afirma que a diáspora também tem que receber contributos e José Cesário enfoca que Portugal “não pode desperdiçar uma parte dos seus”.

Para o ex-secretário de Estado, as comunidades portuguesas a viver no estrangeiro devem ser tidas em consideração para que o desenvolvimento interno seja mais eficaz.