O Presidente francês declarou que a França não esquece o contributo dado por centenas de milhares de emigrantes portugueses que ajudaram a construir o país e que os gauleses têm orgulho de ter acolhido quem fugiu da ditadura.

“A França não esquece a contribuição dos portugueses na sua reconstrução, na sua expansão econômica, quando acolheu entre os anos 50 e até ao fim dos anos 70, centenas de milhares que vieram procurar no nosso país um futuro melhor, longe da austeridade de um ditador”, disse Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu no passado dia 11, em declarações aos jornalistas.

O chefe de Estado francês organizou na noite de sexta no Palácio do Eliseu um jantar para assinalar a abertura oficial da Temporada Cruzada entre a França e Portugal ao lado do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Este jantar reuniu dezenas de pessoas, entre elas figuras portuguesas e francesas, incluindo os ministros portugueses Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Graça Fonseca, ministra da Cultura, e os ministros franceses Jean-Yves Le Drian, ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Michel Blanquer, ministro da Educação, ou Elisabeth Moreno, ministra da Igualdade.

No seu brinde inicial, o Presidente francês disse que a França deve muito a Portugal, nomeadamente a participação na Primeira Guerra Mundial, assim como “o compromisso dos cidadãos portugueses na resistência, a coragem do cônsul em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes” que salvou milhares de franceses, entre eles 10 mil judeus.

O Presidente francês disse que a França tentou dar “um bom acolhimento” a todos os portugueses que chegaram a terras gaulesas entre os anos 50 e o fim dos anos 70, lembrando ainda a passagem de vultos como Mário Soares que se exilaram em Paris para depois construir a democracia em Portugal.

“Partilhamos um destino comum, no seio da União Europeia e todos, esta noite, são testemunhas deste laço nunca rompido entre os dois países. Vocês encarnam a vitalidade e diversidade das relações franco-portuguesas e, do fundo coração, agradeço-vos”, declarou o Presidente lembrando que há “dois milhões de portugueses” em França e atualmente cerca de 50 mil franceses a viver em Portugal.

Emmanuel Macron falou da saudade, da pintora Maria Helena Vieira da Silva que viveu grande parte da sua vida em Paris, citou Virgílio Ferreira e destacou as figuras de relevo da cultura de origem portuguesa como Emmanuel Demarcy-Mota, à frente do Theatre de la Ville, ou José-Manuel Gonçalves, que dirige o centro de arte Centquatre, assim como Tiago Rodrigues que vai assumir a liderança do Festival de Avignon.

O chefe de Estado falou ainda das relações econômicas entre os dois países, com um investimento de 13 mil milhões de euros da França em Portugal e a criação de 100 mil postos de trabalho que dependem de empresas francesas.